Esporte Corrida de rua atrai cada vez mais adeptos e movimenta a economia

“Quem entra na corrida, não quer mais voltar”. As palavras são de Afrânio Miranda, empresário potiguar, de 64 anos, que corre desde que fazia o ensino fundamental. Ele faz parte das milhares de pessoas que praticam a corrida de rua no Rio Grande do Norte. A modalidade que tem atraído cada vez mais adeptos de todas as idades faz parte de um segmento considerado consolidado e em expansão.

Magnólia Figueiredo, atleta olímpica, considerada um ícone do atletismo no estado, atesta que a corrida de rua tem crescido no Rio Grande do Norte, no Brasil e no mundo. Ela explica que o setor vem se consolidando como um dos esportes mais populares do mundo, ocupando a 4ª posição dentre os esportes mais praticados no Brasil. “Em 2023, o aumento no número de participantes em relação a 2022 foi de 13%, ano em que foram realizadas, aproximadamente, 150 mil corridas e, nesta estatística, figura o nosso público. Um dos fatores que ajuda a consolidar a corrida de rua é o aumento significativo do número de assessorias esportivas (clubes de corrida), que cresceu 109% em 2024, no Brasil”, destaca.

De acordo com Gabriel Negreiros, diretor de Comunicação da HC Sports, que organiza a Meia Maratona do Sol, a corrida da PRF e Soldados do Fogo, afirma que juntas, elas movimentam mais de 20 mil atletas. “É algo muito representativo, sem falar nas corridas menores que completam o calendário. Hoje a gente tem um calendário não só da nossa empresa, mas um calendário muito repleto de provas. Esse é um segmento que cresce bastante e que as empresas começam a despertar para ele”, afirma Negreiros.

Segundo Magnólia Figueiredo, que também é integrante da Federação de Atletismo do Rio Grande do Norte, não há como especificar um número fechado de atletas federados ou não, que participam de corrida de rua, pois há fatores variáveis a considerar que impossibilitam a consolidação desse número.

“Apesar disso, temos acompanhado uma crescente de inscritos nas corridas de rua, porém, não temos como afirmar que esse quantitativo adere à prática sistematizada da corrida, no entanto, estima-se que temos cerca de 14 milhões de corredores no Brasil”, explica Magnólia Figueiredo.

A Meia Maratona do Sol chega a 10ª edição esse ano e é considerada a maior corrida do Norte-Nordeste e 21ª maior corrida do Brasil. Segundo os organizadores, este ano a maratona espera pretende reunir 15 mil corredores e 45 mil visitantes na Feira de Exposições que acontece paralelamente na Casa de Apostas Arena das Dunas. De acordo com pesquisa da Fecomércio RN, a Meia Maratona do Sol gerou um crescimento de 35% no comércio local com uma movimentação financeira de R$ 6,3 milhões na cidade. Ainda segundo a pesquisa, a Meia do Sol é o evento do Rio Grande do Norte com melhor avaliação do público, com nota 9,4 em média.

Segmento consolidado e em expansão

“Diferente de outras modalidades, a corrida você só precisa de você”, destaca Gabriel Negreiros sobre um dos motivos para o crescimento da adesão das pessoas às corridas de rua. A modalidade considerada democrática e com um leque amplo de possibilidades tem espaço para crescer e inspira gerações, de acordo com os especialistas.

Magnólia Figueiredo destaca que o futuro da modalidade de rua é bastante promissor considerando que a corrida hoje já é orientada por profissionais capacitados que se atualizam para atender à diversidade de objetivos. “Considerando que os objetivos se renovam e o desafio de se superar é inerente ao ser humano, há uma expectativa que tenhamos profissionais cada vez mais especializados em personalizar os treinamentos de preparação específica para atender àqueles que têm objetivos de alta performance; que os grupos de corrida assumam cada vez mais papel relevante no processo preventivo e curativo da saúde social, aproximando pessoas com interesses comuns e diminuindo a incidência de pessoas solitárias e/ou depressivas; o cenário sinaliza que teremos crescimento dos eventos esportivos, e para tanto, toda a cadeia produtiva deste segmento se preparará para qualificar seus produtos e serviços, o que impactará, diretamente, na economia”, constata Figueiredo.

“Hoje temos muitos adultos praticando a corrida que são conhecedores dos benefícios e referências para amigos e familiares, portanto, inspiram outras pessoas e é assim que o número de adeptos vai crescendo. Dentre estes, estão as pessoas que buscam a saúde social, um dos objetivos que “retém” pessoas praticando a corrida”, ressalta.