O Consórcio Nordeste e o Ministério do Turismo estão discutindo a criação de uma companhia aérea para o Nordeste
Consórcio Nordeste e o Ministério do Turismo estão discutindo a criação de uma companhia aérea para o Nordeste, como solução para os problemas de conexão e disponibilidade de voos que a região enfrenta
Publicado 26 de maio de 2025 às 14:21
O Consórcio Nordeste e o Ministério do Turismo estão discutindo a criação de uma companhia aérea para o Nordeste, como solução para os problemas de conexão e disponibilidade de voos que a região enfrenta. Uma das ideias é a criação de uma empresa estatal. O assunto foi debatido em reunião do Consórcio que contou com a participação da secretária de Turismo do RN, Marina Marinho.
Ela explicou que já há inclusive um processo de estudo técnico sobre o assunto. “O objetivo é entender de forma aprofundada os gargalos atuais da aviação regional e mapear modelos de operação que possam ser replicados ou adaptados à nossa realidade”, explicou.
A secretária acrescentou que está sendo feito o diálogo com especialistas em transporte aéreo, órgãos de regulação e operadores do setor para identificar alternativas sustentáveis e eficientes. “O estudo também considera dados de demanda, conectividade, rotas prioritárias e viabilidade econômica”, observou.
A informação sobre a possibilidade de criação de uma companhia aérea estatal para o Nordeste foi dada pelo próprio ministro do Turismo, Celso Sabino, em entrevista após a abertura do Visit Brasil Summit, que ocorreu no Rio de Janeiro, segunda-feira (19). “O Consórcio de Governadores do Nordeste trabalha na concessão de benefícios que viabilizem a operação de uma nova companhia na aviação regional, inclusive com a possibilidade de criação de uma empresa estatal”, afirmou.
A proposta ainda está em estágio inicial e começou a ser debatida após a suspensão das operações da Voepass, que atuava no mercado regional em todo o Brasil. Além dela, outras companhias que atuam no mercado regional são MAP Linhas Aéreas, Azul Conecta e Abaeté.
A secretária de Turismo do RN explicou que “essa discussão realmente avançou na última reunião do Consórcio Nordeste com o ministro Celso Sabino”e que o “tema surgiu como uma resposta concreta à crescente perda de voos na região, que impacta diretamente o turismo, a economia e a integração entre os estados nordestinos.””
“O que estamos construindo, em conjunto com o Ministério e os demais estados, é uma análise técnica que avalie a viabilidade da criação de uma companhia aérea regional. A proposta ainda está em fase inicial, mas já contamos com a mobilização de grupos de trabalho específicos para estudar os aspectos logísticos, jurídicos e financeiros dessa possível estrutura”, explicou Marina Marinho.
Ela também esclareceu que estão sendo avaliados modelos internacionais que possam embasar a formatação desse modelo que poderá ser aplicado ao Nordeste. “Como o caso de companhias regionais na Escandinávia, que operam com foco na integração territorial e são parcialmente estatais ou têm apoio público-privado”, disse.
Marina Marinho citou também o exemplo da Azul Conecta no Brasil, que atua em rotas de menor demanda, mas com suporte estratégico. “O diferencial da proposta para o Nordeste seria o foco na conectividade regional, com o apoio dos estados, visando garantir não apenas voos turísticos, mas também estruturantes para o desenvolvimento da região”, detalhou.
Com relação especificamente ao Rio Grande do Norte, a secretária enfatizou a importância da solução desse gargalo com relação à operação aérea no nordeste. Segundo ela, “a criação de uma companhia aérea regional é extremamente estratégica para o Rio Grande do Norte”.
“Nos últimos anos, enfrentamos a redução de voos e a concentração da malha aérea em centros do Sudeste, o que dificulta a chegada de turistas e encarece o deslocamento dos próprios potiguares. Uma solução regional pode devolver competitividade ao nosso estado, atrair mais visitantes e garantir maior estabilidade nas operações’, afirmou.
A secretária disse ainda que a proposta fortalece todo o trabalho da Câmara Temática do Turismo dentro do Consórcio Nordeste, que tem justamente o objetivo de posicionar a região com mais protagonismo, atuando de forma integrada como um bloco. “Ao unir esforços, ampliamos nossa capacidade de negociação, planejamento e promoção conjunta, valorizando o que temos de melhor e garantindo que o Nordeste seja visto como um destino forte, coeso e estratégico para o desenvolvimento do turismo nacional.
O NOVO Notícias procurou o Consórcio do Nordeste para saber mais detalhes sobre essa discussão. E recebeu a informação que esse assunto é uma prioridade para os governos do Nordeste, mas que ainda está no estágio inicial. E que um dos primeiros passos seria a busca por empresas, dentro da proposta de viabilizar a operação.
O ministro do Turismo também destacou a importância da oferta de voos com possibilidade de “stopover” na Região Nordeste. Essa modalidade permite ao viajante conhecer uma cidade intermediária sem custo adicional antes de seguir para o destino final.
Segundo Celso Sabino, o incentivo a esse tipo de operação, em articulação com as companhias aéreas, pode aumentar significativamente o fluxo turístico nos estados nordestinos.
Criação de aérea regional exige grande investimento
A ideia de uma aérea regional poderia reforçar a conectividade entre cidades turísticas e capitais, ampliando o fluxo de visitantes e reduzindo a dependência de hubs localizados no Sudeste. Em 2024, o Nordeste foi a região turística mais vendida do país, com mais de 60% dos turistas internacionais desembarcando em estados nordestinos no início de 2025, e mais da metade dos resorts brasileiros concentrados na região.
Caso se consolide, a proposta de criação de uma empresa aérea estatal significará a retomada do investimento público no setor. Nos estados do Nordeste, cidades de porte médio vêm perdendo conexões e destinos turísticos de menor porte enfrentam dificuldades para manter ligações aéreas regulares.
De acordo com especialistas, a criação de uma empresa aérea estatal para atuar no Nordeste exigiria grande investimento. Independente disso, a região oferece atrativos que poderiam facilitar uma nova forma de operação, o que somado a uma possível concessão de benefícios pode viabilizar uma solução.
Os estados da região oferecem incentivos fiscais, como a redução de até 75% no Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) por meio da Sudene, além de ICMS sobre o combustível mais baixo. Esses benefícios podem ajudar a atrair operações regionais.
O Nordeste já possuiu uma companhia aérea. A Nordeste Linhas Aéreas foi fundada em 1976 e operou até 2003, quando foi incorporada pela Varig. A empresa era conhecida por conectar cidades como Salvador, Recife, Natal, João Pessoa e Campina Grande, desempenhando um papel crucial na integração regional.
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