Adiamento europeu frustrou planos de assinatura do acordo Mercosul–UE durante cúpula em Foz do Iguaçu. | Foto: Getty Images
Diante de mais um adiamento do acordo entre Mercosul e União Europeia, o bloco sul-americano passou a defender a aceleração de negociações comerciais com outros países. O movimento ganhou força após a decisão europeia de postergar novamente a análise do tratado, negociado há cerca de 26 anos.
O adiamento ocorreu no Conselho Europeu e foi provocado pela formação de uma minoria de bloqueio. A Itália se alinhou à França e a outros países ao pedir mais tempo para discutir medidas de proteção aos agricultores europeus, transferindo a decisão para janeiro.
Integrantes do governo brasileiro afirmam que o Mercosul já negociou tudo o que era possível e que o avanço do acordo depende exclusivamente dos europeus. No Itamaraty, a avaliação é de que o custo político do novo atraso recai sobre a União Europeia.
A expectativa era de que o tratado fosse assinado neste sábado (20), durante a Cúpula de Líderes do Mercosul, em Foz do Iguaçu (PR). A mudança de planos frustrou o governo brasileiro, que lidera as negociações em nome do bloco.
Nos bastidores, diplomatas defenderam que o Mercosul concentre esforços em parceiros que demonstram interesse real em fechar acordos comerciais. A avaliação é de que a União Europeia deve deixar de ser prioridade no curto prazo.
Segundo o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, há uma lista extensa de países com os quais o bloco pode avançar. Ele afirmou que parte significativa dessas economias está entre as maiores do mundo, incluindo membros do G-20.
Atualmente, o Mercosul mantém negociações em diferentes estágios com pelo menos 11 países, além de processos de revisão e ampliação de acordos já existentes. Nenhum deles, no entanto, tem a mesma dimensão do tratado com a UE, que envolve um mercado de 720 milhões de pessoas e um PIB estimado em US$ 22 trilhões.
Na sexta-feira (19), a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, confirmou que o acordo será analisado pelos 27 países do bloco em janeiro. Segundo ela, o adiamento foi considerado “tolerável” por cerca de três semanas.
Entre os acordos mais avançados, o que está mais próximo da conclusão é o negociado com os Emirados Árabes Unidos, sob coordenação do Paraguai. O entendimento já foi classificado como prioritário e pode avançar ao longo de 2025.
O Mercosul também assinou recentemente um acordo com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), formada por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein. Nos últimos anos, o bloco concluiu acordos com Panamá e Singapura.
Outros tratados antigos podem ser atualizados, como os firmados com Índia, Egito, Equador e Colômbia, com possíveis mudanças nas regras e ampliação da lista de produtos.
O bloco avalia iniciar negociações com Reino Unido e Malásia e mantém diálogos em andamento com El Salvador e República Dominicana. O Brasil também retomou, neste ano, a coordenação das negociações com o Canadá.
Na Ásia, o Mercosul discute uma parceria com o Japão e observa o interesse de países como Vietnã e Indonésia. Há ainda tentativas de retomar conversas com a Coreia do Sul e de avançar no mecanismo de diálogo com a China.
Internamente, persistem divergências sobre o modelo de negociação. Uruguai e Argentina defendem maior flexibilidade para acordos em velocidades diferentes, enquanto Brasil e Paraguai resistem e defendem a manutenção das negociações em bloco.
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