Fachada da Escola Estadual Edgar Barbosa
Greve na rede estadual começou em 5 de março – Foto: Dayvissom Melo/NOVO Notícias

Os professores da rede estadual de ensino estão em greve desde o dia 5 de março, há quase um mês. A principal reivindicação da categoria é o reajuste de 14,9% referente ao novo piso salarial anunciado pelo Ministério da Educação no início deste ano.

Na última quinta-feira (23), o Sindicato dos Trabalhadores em Educação (SINTE/RN) decidiu manter a paralisação.

Em Natal, a onda de violência que aconteceu no estado por quase duas semanas atrasou o início do ano letivo do Município. A previsão é que as aulas comecem nesta quarta-feira (29).

Com a falta de aulas, os estudantes permanecem em casa. Danielly Nascimento, de 16 anos, é estudante da rede estadual de ensino e contou que está estudando por conta própria durante este período.

“A gente tem que ir atrás por conta própria, porque a escola não está mandando atividades. Vários professores passaram trabalhos enquanto a gente ainda estava tendo aula, então estamos fazendo esses trabalhos de forma online, com vídeos e slides, para quando voltar, já ter tudo pronto”, contou a aluna do 2º ano do Ensino Médio.

A estudante ainda relatou preocupação com o atraso do conteúdo passado em sala. “A gente já tá perdendo muita matéria. E para repor esses dias perdidos vai ser ruim, tanto pros professores quanto para nós, alunos. Vai ficar bem cansativo, porque eles vão ter que passar matérias que já era pra terem passado. Assuntos que já estão atrasados, mas que eles vão ter que passar tudo de novo”, relatou.

De acordo com a professora e coordenadora do Fórum Estadual de Educação do RN, Rute Regis, o principal prejuízo desse atraso no ano letivo está na “recomposição da aprendizagem”. “Isso, de fato, é uma grande preocupação nossa, pesquisadores da área da educação. Há uma preocupação muito grande com relação à recomposição da aprendizagem, principalmente dos filhos da classe trabalhadora, que necessitam da educação pública. Essa aprendizagem vem sendo afetada desde a pandemia, e isso tem um impacto enorme com relação a interação entre os estudantes, com os professores e com o espaço escolar, que é muito importante”, disse.

Esta semana, o Fórum Estadual deve se reunir com a Secretaria Estadual de Educação (SEEC), com o SINTE/RN e com a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa para dialogar sobre a paralisação das aulas no RN. “Nós precisamos desse diálogo para ver como planejaremos a recomposição da aprendizagem”, informou Rute.

Procurada pelo NOVO, a SEEC informou que todas as escolas que tiveram paralisação das atividades em razão da greve dos professores terão que fazer um calendário de reposição de aulas. “Nenhum estudante ficará sem seu direito constitucional, os 200 dias letivos”, garantiu a pasta.

Já a Secretaria Municipal de Educação de Natal (SME) informou que vai reorganizar o calendário, de modo a cumprir os 200 dias letivos. “Vamos propor a inserção de alguns sábados letivos e a prorrogação do calendário em janeiro de 2024. Como a previsão é iniciar o ano letivo de 2023 no dia 29 de março, serão apenas 6 dias para reposição”, informou.