Comprei uma nova gramática porque a língua, assim como nós, está sendo, não é, como bem disse Paulo Freire, no livro “Pedagogia da Autonomia”, no qual afirma que “O mundo não é. O mundo está sendo.” 

Esta é, sem dúvida, uma máxima que vale para todas as coisas, apesar da insistência do homem em defender verdades absolutas.  Mas, não, elas não existem, nem mesmo na norma culta. As regras gramaticais se adaptam à vida em sociedade, alias, como todas as regras. 

Se a língua, que nos representa e possibilita a socialização entre as pessoas está em constante adaptação, qual a razão de pensarmos que não temos nada a aprender?

Não querer aceitar que o mundo muda é não aceitar a própria condição humana, que, por natureza, está em transformação desde o momento do nascimento. 

Abrir as páginas da Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara, me faz lembrar que as figuras de linguagem, por exemplo, podem e devem ser usadas, mas com cautela, pois em muitos casos podem atrapalhar mais do que facilitar a compreensão do texto e do diálogo. 

O que dizer sobre o uso do hífen, hein? Este pequeno elemento de representação ortográfica é um exemplo do que um novo conjunto de regras estabelecidas desde a instituição do novo acordo ortográfico da língua portuguesa, em 2006, significa mais dúvidas do que clareza para esta que vos fala. 

E a conjugação do verbo haver que devido a tantas peculiaridades chega a ser desafiadora visto que, entre outras coisas, essas especificidades impactam a concordância nos mais variados aspectos. Mas os desafios não terminam aqui e podem vir recheados de memórias afetivas, como o uso dos coletivos, tão usados nas brincadeiras infantis. 

O uso dos pronomes “seu” e “dele” tem espaço de destaque

O que vale reforçar é que a língua, seja ela qual for, é e sempre será viva. Por isso mesmo, nenhuma de nós chegará ao ponto de dominá-la por completo. A humildade para reconhecer a ignorância que nos cabe é o fundamental ponto de partida para a percepção e consequente apreensão de novos conhecimentos, porque a mudança é a uma das poucas certezas que a vida nos dá.