Como classificar um conteúdo como bom ou ruim? Acredito que a melhor resposta para esse questionamento é: depende! Afinal, como tudo na vida, é a experiência que permite a cada um de nós, a partir dos valores e gostos pessoais, definir algo como positivo ou nem tanto assim.

Em relação aos livros, por exemplo, podemos dizer que os bons são aqueles cujas histórias fazem eco na memória por muito tempo, mesmo que o enredo não integre a lista dos preferidos e, até mesmo, seja desconfortável. 

Em termos de desconforto, “O processo”, de Franz Kafka, sem dúvida alguma, está no topo da lista daqueles mais angustiantes e, justamente por isso, segue como gatilho de significativas reflexões sobre o texto.

Nos últimos dias, o livro “Ética no Jornalismo”, de Rogério Christofoletti, é um dos livros que tem induzido reflexões que, muitas vezes, partem de uma expressão que sintetiza ideias em construção já há algum tempo. Afinal, o entendimento é resultado de um processo que não se dá de maneira instantânea, mas, sim, ao longo da vida.

Ao discutir a responsabilidade do jornalismo e de jornalistas na mediação de um debate crítico e reflexivo junto à sociedade, Christofoletti ressalta que as transformações estruturais nas redações, cada vez mais enxutas, e no papel da imprensa, que segue como protagonista do debate público, porém, sem mais deter a exclusividade do conteúdo, têm como resultado uma flexibilização dos critérios jornalísticos que determinam o noticiário e em alguns casos resulta no que ele denomina como “idiotização do noticiário”.

Jornalista e professor, Christofoletti explica que essa expressão faz referência à permissividade para a ampla circulação de declarações irrelevantes ou sem sentido, por meio de discursos do senso comum que encobrem questionamentos sobre situações e problemas que exigem soluções. Isso acontece, explica Christofoletti, na medida em que essas falas são impostas ao pensamento social que tende a deixar as coisas como estão, mesmo que não resolvidas, a despeito do compromisso ético do jornalismo de informar bem a todos.

Para saber a quem informa, observa o autor, o jornalista precisa, primeiro, conhecer o público a quem se destina. Mas,  segundo Christofoletti, a realidade é que “hoje (…), os repórteres nem sequer se dão ao trabalho de deixar suas mesas. Não frequentam mais os ambientes onde estão as notícias (…). Que jornalismo é esse?”, questiona. 

Sem resposta ao questionamento levantado, Christofoletti enfatiza que cabe a cada um de nós, consumidores de informação, o exercício do raciocínio crítico e reflexiva pois somente a partir dele será possível estabelecer critérios que levem à separação e consumo daquilo que é bom do que é, no mínimo, questionável. 

Vale lembrar, que o cérebro é um músculo como qualquer outro do corpo humano que precisa ser exercitado para manter a forma e o bom funcionamento!