Primeiramente pedir desculpas pelo sumiço por aqui. Foi a correria de fim de ano, férias na TV Assembleia e planejamento para novidades futuras (AGUARDEM!).

Dito isto, vamos ao post.

Está cada vez maior o interesse dos torcedores de ABC e América pelas decisões e rotinas de seus respectivos Conselhos Deliberativos. O torcedor entendeu que precisa mais do que nunca acompanhar os bastidores políticos e a postura de cada conselheiro. Levando em conta as realidades políticas desses dois clubes, os maiores do estado, deveremos ficar ainda mais atentos daqui por diante.

Vamos começar com o América onde a cobrança por abertura política é maior. Depois de Souza tomar posse como novo presidente do clube, as atenções estavam voltadas para quem iria assumir o CD, tendo em vista que o voto do sócio e a reforma do estatuto dependem prioritariamente de quem senta na cadeira de presidente. E após candidatura única, quem ocupa agora esse “trono” é José Nunes, que juntamente com Nadja Caldas (vice), vão comandar o CD alvirrubro de 2022 a 2025.


Nadja Caldas e José Nunes foram eleitos com 42 votos válidos para a presidência do CD. Foto: Canindé Pereira/AFC

O ambiente do Conselho do América é tão sombrio e fechado que mal conseguimos informações com a assessoria do clube. Não há clareza sobre datas, reuniões, medidas e decisões. Não dá nem para saber quantos conselheiros estavam aptos a votar na eleição, apenas que a chapa Nunes/Nadja teve 42 votos válidos. Essa chapa única teve o grande apoio da maioria dos ex-presidentes e conselheiros considerados “caciques” (não gosto desse adjetivo, mas enfim) que ainda predominam no CD. Lógica leva a crer que o mandato será novo, mas a forma de condução será a dos últimos anos, como víamos com José Rocha. Pouco provável que a questão do voto do sócio siga adiante. Tomara que eu queime a língua.

E mais, vamos ver se a gestão Souza estará alinhada ou não com o comando do Conselho. Isso é crucial para que as coisas avancem.

Vale o registro de que a ala que tanto promete implantar a abertura para participação da torcida no dia-a-dia do clube não se mobilizou e sequer lançou candidato. É de se estranhar que Alex Padang, Leonardo Bezerra (esses dois muito atuantes nas redes sociais), Clóvis Emídio, Diogo Pignataro, Hermano Morais, Eliel Tavares e tantos outros não tenham se articulado para pelo menos lançar uma outra chapa. A gente sabe que todos eles querem essa abertura, mas então por que não “brigar” no ambiente que é o apropriado (Conselho) ao invés de ficar somente no palco do mundo virtual? Fica o questionamento.

Mesmo com a desistência dos principais nomes para encabeçar uma chapa (Hermano e Pignataro), esse “WO” não serve como justificativa e pode significar o fim de um movimento por um América mais democrático. Que não seja isso.

Pe. Murilo venceu a primeira eleição com mais de um candidato para Presidente do CD do ABC


Renato Gomes (vice), Padre Murilo (presidente) e Dalvinha (secretária) venceram com 18 votos de vantagem. Foto: Leonardo Pessoa/ABC FC

Já no ABC as coisas em termos de abertura são um pouco melhores. O sócio vota e há eleição direta. O processo poderia ser ainda melhor e mais democrático se não víssemos a tentativa de boicote (nas ENTRELINHAS) a essa participação do torcedor. Muitos não gostam quando afirmo aqui, mas a verdade é que grande parte dos “cardeais” (também não gosto desse adjetivo, mas paciência) não engoliram até hoje essa vitória das diretas e fazem quase de tudo para evitar eleições no ABC. Mas isso é outro assunto, foquemos no Conselho Deliberativo.

Ontem a chapa do Padre Murilo venceu as eleições para a presidência do Conselho alvinegro com 48 votos enquanto a chapa de Marconi Brasil obteve 30 votos válidos. Foi a primeira vez em toda a história do ABC que houve mais de um candidato à presidência do CD. Todas as outras eleições foram chapa única ou por aclamação. Isso já mostra que o ambiente e a visão dos conselheiros estão mudando.

Chamou a atenção a mudança de última hora na chapa vencedora. Quem seria o vice do padre era o médico Paulo Davim, mas o advogado Renato Gomes (que é filho do ex-presidente José Wilson) acabou subindo de patente e ficou com o posto.

Infelizmente nem tudo são flores. A inovação não ficou por conta só da quantidade de candidatos. Se aproveitando de um vácuo no estatuto, que não é claro sobre a forma de votação para presidência do Conselho, o voto foi aberto e não fechado, como deveria ser. O ex-presidente Bira Rocha foi quem presidiu a reunião.

Ora meus amigos, por que quando vamos votar para presidente, governador, prefeito ou qualquer outro cargo nas eleições de dois em dois anos o voto é secreto? Porque esse sigilo garante a ausência de pressões externas ou constragimentos alheios ao processo democrático. Voto é pessoal, secreto e intransferível. A gente aprende isso desde cedo.

Num clube de futebol é a mesma coisa. Vejam que nas eleições para presidência do ABC o voto é secreto, por exemplo. Dois pesos e duas medidas para a conveniência de quem?

Sobre o que esperar da nova presidência do CD alvinegro, ninguém pode negar que Pe. Murilo é um ser humano sensível, político e aberto ao diálogo. Com certeza ele tentará o consenso e vai debater com todos os perfis que pairam no Conselho. Esse é um ponto.

O outro ponto (grande dúvida) é como o novo presidente vai conciliar suas atividades paroquiais com um ambiente tão cobrativo e às vezes polarizado que é o Conselho Deliberativo de um clube. Quase todas as promessas de Bira Marques durante a campanha para reeleição precisam passar pelo Conselho, principalmente o “Cidade Alvinegra” e outros prováveis investimentos que envolvem propriedades do ABC.

Como o tempo é inexorável, só ele vai dizer se as impressões não tão otimistas de hoje sobre os Conselhos Deliberativos de América e ABC irão se concretizar ou José Nunes e Pe. Murilo vão surpreender.

Veremos mais adiante!