Abrasel no Rio Grande do Norte reporta que o setor no estado segue com estabilidade e sem impactos nas vendas - Foto: Freepik
Entidade reforça que consumo em estabelecimentos formais é seguro e não há casos confirmados no estado; Brasil soma 225 notificações de intoxicação por metanol e 16 confirmações
Publicado 6 de outubro de 2025 às 16:30
Mesmo com o alerta nacional para casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas adulteradas, o Rio Grande do Norte segue sem registros confirmados da substância em bebidas comercializadas. A informação é da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), que, apesar de não haver casos suspeitos, emitiu uma nota técnica aos serviços de saúde orientando sobre a detecção e notificação de possíveis ocorrências.
O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Rio Grande do Norte (Abrasel-RN), Thiago Haddad Machado, afirmou que o setor no estado segue com estabilidade e sem impactos nas vendas. “A gente tem acompanhado de perto os números de consumo e eles continuam muito perenes, sem nenhuma mudança”, disse.
De acordo com Haddad, os casos registrados até agora não envolvem bares ou restaurantes formais. “Nenhuma morte ou caso confirmado de bebida adulterada foi encontrado dentro de um bar ou restaurante. Isso reforça que o local mais seguro para consumir bebida alcoólica é dentro de um estabelecimento regular, que compra diretamente dos produtores e distribuidores autorizados”, destacou.
Até esta segunda-feira (06), o Ministério da Saúde registrou 225 notificações de intoxicação por metanol após a ingestão de bebidas alcoólicas adulteradas no Brasil. Do total, 16 casos foram confirmados e 209 permanecem em investigação. Até o momento, foram registradas 15 mortes, das quais 13 ainda estão sendo analisadas. O estado de São Paulo concentra a maior parte das ocorrências, com 14 casos confirmados e 178 suspeitas sob investigação.
A entidade nacional da Abrasel tem repassado orientações e participado de treinamentos promovidos pela Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD). Os cursos são voltados à capacitação de proprietários e funcionários sobre como garantir a procedência e segurança das bebidas vendidas.
Além disso, segundo o dirigente, a Abrasel-RN mantém contato com órgãos de fiscalização locais — como Procon, Polícia Civil e Ministério da Agricultura — para acompanhar as investigações e reforçar a segurança no setor. “Temos acompanhado de perto, mas acreditamos que o problema não deve se expandir”, comentou.
Cuidado com o comércio informal
Thiago Haddad também fez um alerta sobre os riscos do comércio irregular de bebidas. “O perigo está nas bebidas vendidas por fora, em distribuidores não legalizados, geralmente por preços muito abaixo do mercado. A adulteração não é algo novo e não acontece apenas com metanol — há várias formas de falsificar bebidas”, explicou.
Para o presidente da Abrasel-RN, a fiscalização ainda é insuficiente. “A Associação Brasileira de Bebidas Destiladas estima que 36% das bebidas consumidas no país são adulteradas de alguma forma. É um número alarmante e que mostra a ineficiência do poder público em combater a prática”, pontuou.
A entidade recomenda que os consumidores priorizem bares e restaurantes associados, que são identificados por uma placa prateada com o selo “Sou Abrasel”. “Esses estabelecimentos passam por treinamentos e acompanhamento constante da entidade, o que garante um consumo mais seguro”, afirmou Haddad.
Monitoramento e protocolo estadual
A Sesap informou que toda a estrutura de vigilância em saúde do estado segue em alerta, com monitoramento ativo por meio do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS) e do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox).
A primeira nota técnica sobre o tema foi emitida na última quinta-feira (2), orientando profissionais de saúde a identificar sintomas, realizar exames e notificar imediatamente casos suspeitos. Até o momento, não há registros de contaminação por metanol a partir de bebidas alcoólicas no estado. Um caso suspeito em Natal foi descartado após análise laboratorial realizada pela Polícia Científica do RN.
Em nível nacional, o Ministério da Saúde classificou a situação como Evento de Saúde Pública, após o aumento de notificações, principalmente em São Paulo, onde estão concentrados os casos confirmados.
Teste de R$ 10 para identificar presença de metanol em bebidas
De acordo com dados mais recentes do Ministério da Saúde, o Brasil já soma 195 notificações de intoxicação por metanol, sendo 14 casos confirmados e 13 mortes em investigação. A maioria das ocorrências está concentrada em São Paulo.
Enquanto isso, pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) desenvolveram um teste rápido e de baixo custo capaz de identificar a presença de metanol em bebidas em apenas 15 minutos. O método colorimétrico custa cerca de R$ 10 e pode ser uma ferramenta auxiliar para comerciantes e produtores na verificação da autenticidade das bebidas.
Crescimento de casos de intoxicação no RN
Dados do Datasus, do Ministério da Saúde, mostram que o Rio Grande do Norte registrou 4.094 internações por intoxicação e envenenamento entre janeiro e julho de 2025 — um aumento de 80% em relação ao mesmo período do ano passado. O crescimento, no entanto, inclui casos diversos e não está relacionado ao consumo de metanol.
Onde buscar ajuda
Em caso de suspeita de intoxicação por metanol, os sintomas incluem visão turva, náuseas, dor abdominal e confusão mental. O paciente deve procurar imediatamente um serviço de emergência e acionar o CIATox ou o Disque-Intoxicação da Anvisa (0800 722 6001) para orientação especializada.
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