Espetáculo se organiza como uma embarcação simbólica que cruza territórios e conduz o público por uma jornada coletiva. Foto: Secom Natal
A caravana percorrerá seis bairros da capital até o dia 23 e, nesta sexta-feira (19), estaciona na Praça do Mercado, na Travessa São Pedro, no bairro das Rocas, a partir das 19h
Publicado 19 de dezembro de 2025 às 19:30
A história do nascimento do menino Jesus contada por meio da música, do teatro, da dança e da poesia. O espetáculo “Sonho de Uma Noite de Natal” estreou na noite desta quinta-feira (18), no pátio da Fundação Capitania das Artes (Funcarte), e atraiu centenas de pessoas para conferir o auto natalino promovido pela Prefeitura do Natal. A caravana percorrerá seis bairros da capital até o dia 23 e, nesta sexta-feira (19), estaciona na Praça do Mercado, na Travessa São Pedro, no bairro das Rocas, a partir das 19h.
A encenação parte de uma estrutura cênica mambembe: um caminhão que se transforma em palco italiano, concebido como uma grande caixa de presente. Ao som de uma trilha sonora original, o teto se ergue, as cortinas se abrem e surge o Capitão Benjamin, figura que conduz a narrativa e apresenta os artistas. Sua presença dialoga diretamente com o imaginário da Nau Catarineta, referência ancestral da cultura popular brasileira associada às viagens marítimas, à travessia, ao risco e à esperança. Como nas antigas narrativas cantadas e encenadas, o espetáculo se organiza como uma embarcação simbólica que cruza territórios e conduz o público por uma jornada coletiva.
A secretária municipal de Cultura, Iracy Azevedo, destacou o caráter de valorização dos artistas e da arte local. “É um espetáculo que desperta a sensação de pertencimento. Todos os envolvidos na construção do auto são do nosso estado, trazem referências da nossa cultura e se organizam no espaço da rua e da presença dos moradores. É uma vitória para Natal e para o natalense poder assistir a um espetáculo com essa qualidade, capaz de ser apresentado e aplaudido em qualquer lugar do mundo”, afirmou.
O diretor, roteirista e diretor de arte do espetáculo, João Marcelino, referência do teatro popular potiguar, explicou que tinha o desejo de construir um espetáculo natalino com identidade local. “Foi a primeira vez que a Prefeitura do Natal me convidou. Então eu precisava de um suporte para me ajudar, e a pessoa tinha que ser César Ferrario. Construí um roteiro, apresentei para ele, e ele disse: ‘Vamos brincar com esse roteiro’”, relatou.
Marcelino ressalta que o espetáculo dialoga com sincretismos e reúne diversas influências para contar a história da humanidade a partir de uma visão múltipla. “Isso aparece com mais clareza na cena dos Reis Magos, onde há referências africanas, eurasianas e europeias. A música traz influências búlgaras, africanas e japonesas, para que o som não fosse específico de um lugar, mas permitisse que todos os lugares estivessem presentes nessas apresentações”, explicou.
O diretor também destacou a participação da quadrilha Balão Dourado, do bairro Mãe Luíza. “Tenho uma admiração profunda pelo trabalho deles e quis dar essa oportunidade para que brincassem em outro território, fora do universo junino. Eles toparam vir para o natalino. É um trabalho construído a muitas mãos: preparação vocal, movimento, arte, figurino, iluminação e cenário. Se me perguntarem o que esse espetáculo é de fato, eu digo que é a mesa da casa da minha avó, onde eu subia para brincar, entreter a família e ganhar uma castanha como moeda. Me sinto voltando à infância, mesmo já sexagenário, brincando em cima da mesa de vovó e emocionando as pessoas”, contou.
A dramaturgia é assinada por César Ferrario, que constrói o texto a partir de memórias pessoais e afetivas, conectando tradição, cidade e experiência urbana. “Os autos natalinos sempre fizeram parte das paisagens da cidade no fim do ano. Eram apresentados em ruas e praças e marcavam o tempo das festas, das férias e do retorno para casa. Trabalhar com esse universo hoje é um gesto de afeto e reconhecimento dessa memória”, afirmou.
A direção de movimento, assinada por Carla Martins, organiza a cena a partir de uma concepção em espiral, em que tempos, corpos e culturas se atravessam. “A movimentação foi pensada em espiral, como forma de reverenciar os que vieram antes e, ao mesmo tempo, atualizar os gestos para o presente. Cada passo carrega uma história de afeto e renovação”, explicou.
A trilha sonora original é de Toni Gregório; os figurinos, de Katia Dantas; a cenografia, de Shicó do Mamulengo; os adereços e elementos de cena, de Irapuan Júnior; a preparação vocal, de Jônatas Medeiros; a iluminação, de Janielson Silva; e a produção geral, de Arlindo Bezerra. O elenco reúne atores e atrizes da cidade, com participação da cantora lírica Alzeny Nelo e da cantora mirim Alice Lira.
Programação:
Entrada gratuita
Horário: 19h
19/12 – Praça do Mercado (Travessa São Pedro) – Rocas
20/12 – Praça Cláudio Porpino – Ponta Negra
21/12 – Praça Santo Ambrósio – Planalto
22/12 – Rua das Pastorinhas (ao lado do Conselho Comunitário) – Lagoa Azul / Conjunto Nova Natal
23/12 – Área de Lazer do Panatis – Potengi
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