Uma das principais palestrantes da décima edição do Fórum Negócios, Luiza Helena Trajano avaliou o cenário econômico e as perspectivas para o varejo em 2026

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Entrevista Luiza Trajano aponta juros altos como principal desafio do varejo para 2026

Palestrante da 10ª edição do Fórum Negócios, Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, defende que crises econômicas devem ser encaradas como aceleradoras de mudanças, e não como fatores paralisantes

por: NOVO Notícias

Publicado 27 de novembro de 2025 às 10:20

Uma das principais palestrantes da décima edição do Fórum Negócios, Luiza Helena Trajano avaliou o cenário econômico e as perspectivas para o varejo em 2026. A presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, grupo avaliado em R$ 6 bilhões, criticou a atual política de juros altos. Para a executiva, não existem razões para a manutenção da taxa no patamar elevadíssimo em que se encontra.

Atualmente, a taxa básica de juros, a Selic, está em 15%, definida após a última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) em novembro de 2025, e é alvo de intensas críticas. “[A taxa de juros] é o que precisa mudar com urgência, pois é o fator que está mais prejudicando todo o varejo. Não existem razões para a manutenção da taxa neste patamar elevadíssimo”, ressalta.

A empresária projeta um ano de 2026 otimista, porém intenso para o varejo. Trajano destaca que a taxa de desemprego baixa ajuda a compensar o impacto do aumento do custo do crédito, pois mantém a renda e o consumo.

Sobre a gestão de negócios, Luiza defende que crises devem ser encaradas como aceleradoras de mudanças, e não como fatores paralisantes. Segundo ela, a inovação nasce da escuta de quem está na ponta e da coragem para testar novos caminhos. A executiva ressalta que empresas transparentes e colaborativas se fortalecem nesses momentos. Leia a entrevista:

NOVO: Quais as expectativas do varejo para 2026?
Luiza Trajano: O varejo chega a 2026 com um olhar otimista, mas muito consciente que será um ano intenso, com eleições e Copa do Mundo, que de algum modo afetam um ou outro segmento. Mas, o que precisa mudar com urgência, pois é o fator que está mais prejudicando todo o varejo, é a taxa de juros, não existem razões para manutenção da taxa neste patamar elevadíssimo.

Como transformar crises em oportunidades de inovação nos negócios?
Luiza Trajano: Crises nunca devem ser vistas como paralisadoras, pois elas são aceleradoras de mudança. A inovação nasce quando ouvimos quem está na ponta, geralmente as respostas mais simples são repletas de inovação, precisamos coragem de testar novos caminhos. As empresas que tratam a crise com transparência, velocidade e colaboração se fortalecem ainda mais.

Quais são os principais desafios enfrentados por mulheres empreendedoras no Brasil?
Luiza Trajano: As mulheres empreendedoras enfrentam desafios estruturais que ainda precisam ser superados. O acesso ao crédito é mais difícil, a rede de apoio é menor, e o acúmulo de responsabilidades domésticas pesa muito mais sobre elas. Além disso, ainda existem menos portas abertas nos espaços de decisão. Mesmo assim, vejo uma transformação muito forte acontecendo, com redes de apoio, programas de aceleração e políticas voltadas para fortalecer o empreendedorismo feminino. Quando uma mulher cresce, toda uma comunidade avança junto.

Qual o papel da aprendizagem contínua no sucesso empreendedor?
Luiza Trajano: A aprendizagem contínua é central para o sucesso de qualquer empreendedora ou empreendedor. O mundo muda rápido demais para ficarmos presos apenas ao que já sabemos. Aprender é ouvir, observar, fazer perguntas, ler, testar, errar e recomeçar. É um processo vivo, diário e cheio de humildade. Os líderes que mais se destacam são justamente os que mantêm essa curiosidade ativa, que fazem perguntas.

Como o empreendedorismo pode ser uma ferramenta para reduzir a desigualdade social?
Luiza Trajano: O empreendedorismo tem um papel transformador na redução das desigualdades porque gera renda, amplia oportunidades e fortalece comunidades, especialmente nas regiões mais vulneráveis. Mas ele precisa vir acompanhado de educação, acesso ao crédito justo, digitalização, redes de apoio e políticas públicas que facilitem e não compliquem. Quando criamos condições reais para que pequenos negócios prosperem, estimulamos um círculo virtuoso de desenvolvimento, e surgem mais empregos, aumenta a circulação de riqueza e cresce a autonomia das famílias.

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