Luiz Filippe Muniz é CEO da Travus Capital e consultor em alavancagem patrimonial e gestão financeira estratégica. Foto: Cedida

Luiz Filippe Muniz é CEO da Travus Capital e consultor em alavancagem patrimonial e gestão financeira estratégica. Foto: Cedida

Opinião

Artigo Midway Mall vendido: a importância de focar no que se faz melhor

Mais do que a cifra bilionária, o movimento revela uma clareza estratégica rara: o grupo decidiu concentrar esforços no seu principal negócio, a moda

por: Por Luiz Filippe Muniz, CEO da Travus Capital*

Publicado 18 de novembro de 2025 às 14:36

O varejista Grupo Guararapes, controlador da Riachuelo, anunciou a venda de 100% das cotas do Midway Mall, em Natal (RN), para o fundo Capitânia (CPSH11) e investidores associados. A
operação foi estimada em R$ 1,6 bilhão segundo fontes do mercado, e ainda aguarda aprovação do
CADE para ser concluída.

Mais do que a cifra bilionária, o movimento revela uma clareza estratégica rara: o grupo decidiu concentrar esforços no seu principal negócio, a moda, e deixar um ativo imobiliário complexo sob gestão de quem tem experiência direta com shoppings.

Essa decisão é um lembrete poderoso: empresas e pessoas produzem mais, crescem mais e erram menos quando focam no que realmente sabem fazer.

Administrar um shopping center é uma operação especializada. Requer conhecimento profundo em mix de lojas, atração de marcas, comportamento do consumidor, gestão de fluxo, manutenção, eventos e otimização de receita.

Por isso, os compradores ideais são aqueles nascidos dentro do setor, administradoras e fundos imobiliários com histórico comprovado. Assim, a venda do Midway a um fundo especializado não apenas faz sentido econômico, mas também operacional.

O fundo CPSH11 (Capitânia Shoppings), que agora assume a gestão do Midway Mall (sob aprovação do CADE), já possui 7 shoppings em seu portfólio. A compra segue uma estratégia clara: diversificar ativos e ampliar presença em operações relevantes, entrando em uma das praças de maior fluxo do Nordeste.

Com isso, após a aprovação do CADE, Natal terá:

  • Natal Shopping administrado pelo XPML11 (XP Malls)
  • Midway Mall administrado pelo CPSH11 (Capitânia Shoppings)

Ou seja: dois dos maiores shoppings do estado nas mãos de gestores altamente especializados, o que tende a elevar padrão, eficiência e competitividade.

Nos 12 meses encerrados no terceiro trimestre de 2025, o Midway Mall registrou:

  • Receita Bruta: R$ 138 milhões
  • Lucro Operacional Líquido (NOI): R$ 121,7 milhões

Se compararmos o NOI de R$ 121,7 milhões com o desembolso estimado de R$ 1,6 bilhão, temos
um retorno direto de 7,61% ao ano.

Esse retorno, inferior à Selic do período, 15% a.a, hoje em 18/11/2025, mostra que o fundo não
investiu no Midway buscando a fotografia atual, mas sim o filme futuro, de que forma:

  • melhorias operacionais
  • expansão de mix
  • revitalizações
  • aumento de ocupação
  • renegociações
  • otimização de despesas
  • novas âncoras
  • potencial de crescimento do varejo na região

Ou seja: o fundo aposta que pode extrair mais valor do que o shopping entrega hoje.
No fundo, a venda do Midway não é apenas uma transação bilionária, é uma lição de foco.
Para a Guararapes, representa priorização: liberar capital, reduzir complexidade e reforçar a
atuação naquilo que domina, a moda.

Para o mercado imobiliário, representa maturidade: ativos relevantes nas mãos de gestores
especializados tendem a melhorar performance, experiência e receita.

Para nós, como profissionais e empreendedores, a reflexão é direta: crescemos mais quando investimos tempo e energia no que temos competência real.

Afinal, não é sobre o número de ativos ou frentes que abraçamos, mas sobre o quanto entregamos
bem nas áreas que escolhemos liderar.

E para nós, que frequentamos o shopping, aguardemos as novidades que estão por vir no maior shopping da cidade.


* CEO da Travus Capital. Consultor em alavancagem patrimonial e gestão financeira estratégica. Atua
na transformação de crédito em patrimônio e na construção de riqueza sustentável para famílias e
empresas brasileiras.

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