Andrea Leal é advogada, empresária, consultora e membro fundadora do Instituto Nacional de Estudos do Transporte (Incite). Foto: Cedida

Andrea Leal é advogada, empresária, consultora e membro fundadora do Instituto Nacional de Estudos do Transporte (Incite). Foto: Cedida

Economia

Mobilidade “É essencial garantir o equilíbrio financeiro do sistema de transporte público em Natal”

Em entrevista ao NOVO, especialista em mobilidade urbana avalia os impactos do processo de licitação dos transportes que vai ser desenvolvido em Natal e aponta seus benefícios

por: NOVO Notícias

Publicado 29 de outubro de 2025 às 15:30

A Prefeitura de Natal sancionou a lei complementar que autoriza um subsídio tarifário ao transporte público coletivo da cidade. O texto prevê um aporte financeiro de até 40% do custo operacional do sistema a partir de 2026.

Esse é apenas um dos passos passo de um conjunto de medidas que o prefeito Paulinho Freire pôs em marcha visando a preparação da licitação dos transportes em Natal. Diante desse avanço, o NOVO Notícias procurou uma especialista no assunto, a advogada, empresária, consultora e membro fundadora do Instituto Nacional de Estudos do Transporte (Incite), Andrea Leal, para entender como será esse processo de licitação e que efeitos ele poderá ter para a cidade.

Confira abaixo a íntegra da entrevista:

Que avaliação a senhora faz do processo de licitação do transporte público que está em
andamento na capital do RN?

Como membro de um instituto que acompanha processos licitatórios em todo o país, a minha avaliação é bastante positiva. Destaco 03 pontos: 1. A ANTP, empresa contratada para estruturar o processo, possui ampla experiência e reconhecimento nacional; 2. Tribunal de Contas do Estado foi envolvido de forma prévia, e 3. Os diálogos têm se mostrado cada vez mais técnicos e produtivos.

Que ganhos a população e a cidade como um todo podem esperar?
Os ganhos serão muitos, embora alguns só se consolidem no médio e longo prazo, pois todo processo licitatório envolve uma fase de transição. O principal benefício será a formalização do serviço, com regras claras e definidas para todas as partes envolvidas — empresas, órgão gestor e passageiros.

A licitação não vai resolver os problemas com um toque de mágica. Mas é um primeiro passo. Após a licitação, o que a população pode fazer para aperfeiçoar o processo?
A população precisa se informar mais sobre a mobilidade urbana da cidade. Compreender como o sistema funciona facilita a participação social e o acompanhamento das etapas de aperfeiçoamento e fiscalização do serviço.

No Nordeste, como está a situação das capitais com relação a processos de licitação do transporte público?
A maior parte das capitais nordestinas já realizou processos licitatórios para a prestação do serviço de transporte público de passageiros. Natal deve ser a última capital da região a concluir esse processo. Cada capital tem uma história própria, algumas estão melhores, outras piores.

Investir em mobilidade traz que ganhos para as cidades?
Diversos. A mobilidade é o que garante o ir e vir de pessoas e bens. Quanto mais bem planejado e estruturado for esse fluxo, mais benefícios se estendem a todos — não apenas aos usuários do transporte público. Investimentos em mobilidade urbana melhoram o trânsito, fortalecem a economia local e elevam a qualidade de vida da população.

Pela sua experiência, que pontos são essenciais para que a licitação em Natal dê certo?
Com base em experiências anteriores, é fundamental que o processo atraia empresas com comprovada capacidade técnica, que o tema seja tratado de forma técnica e não política, e que a transição ocorra de maneira tranquila, sem prejudicar os passageiros que dependem do sistema. Do ponto de vista econômico, é essencial garantir o equilíbrio econômico-financeiro do sistema, condição indispensável para viabilizar melhorias. A previsão e execução adequada dos subsídios asseguram a modicidade tarifária e a capacidade de investimento das empresas operadoras.

Se tudo correr como o esperado, qual a maior contribuição que a licitação dará para Natal? Que cidade é essa que vai surgir a partir da licitação?
A principal contribuição será a existência de um contrato formal, com regras claras e responsabilidades definidas. A licitação, por si só, não transforma a cidade — é a execução do Plano de Mobilidade que permitirá que uma nova Natal surja. O transporte público é apenas um dos eixos deste plano, que também envolve calçadas adequadas, semáforos inteligentes, educação no trânsito, faixas exclusivas, vias em bom estado e outras ações integradas que compõem um verdadeiro Plano de Mobilidade Urbana.

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