Segundo Marinho de Sousa, presidente da Empreleite, associação que reúne produtores de queijo artesanal, o setor possui um enorme potencial de crescimento.

Economia

Agropecuária Setor leiteiro do RN cresce e produção de queijos artesanais se destaca como potencial

Valor da produção de leite no estado saltou de R$ 538 milhões para R$ 981 milhões em quatro anos. Especialista aponta que a produção de queijos artesanais, embora embrionária, pode quintuplicar faturamento

por: NOVO Notícias

Publicado 6 de outubro de 2025 às 15:30

O valor da produção de leite no Rio Grande do Norte quase dobrou em quatro anos, saltando de R$ 538 milhões em 2020 para mais de R$ 981 milhões em 2024. Segundo dados do IBGE, o volume anual de produção atingiu 394,5 milhões de litros no ano passado, uma média diária de 1,09 milhão de litros. Em meio a esse cenário de crescimento, a produção de queijos artesanais surge como um importante nicho de mercado para agregar valor e garantir a sustentabilidade dos pequenos produtores. Segundo Marinho de Sousa, presidente da Empreleite, associação que reúne produtores de queijo artesanal, o setor possui um enorme potencial de crescimento.

A Empreleite, fundada em 2022, reúne produtores que viram na fabricação de queijos uma alternativa para aumentar a rentabilidade, diante da baixa lucratividade da venda do leite in natura.

Atualmente, o Rio Grande do Norte se posiciona à frente de estados como Maranhão, Piauí e Paraíba na produção de leite no Nordeste. A maior parte da produção se concentra em municípios do Seridó, com Caicó liderando o ranking com 41 milhões de litros. No entanto, outras regiões, como Oeste, Agreste e a Região Metropolitana de Natal, também registram produções expressivas.

Segundo o presidente da entidade, Marinho de Sousa, o investimento na produção de queijos pode quintuplicar o faturamento de um pequeno produtor em comparação com a venda do leite.
“A maioria dos produtores ainda vive da venda do leite in natura, que não se sustenta em pequena escala, especialmente no semiárido. Os queijos que se destacam nascem justamente nas fazendas que produzem o próprio leite e têm controle sobre toda a cadeia”, afirma Marinho.

Segundo ele, o investimento na produção de queijos pode transformar a realidade do produtor. “Quando o produtor dá o primeiro passo e começa a fazer queijo, ele já dobra o faturamento em relação à venda do leite. E, dependendo da escala e da qualidade, esse crescimento pode chegar a quintuplicar”, explica.
Atualmente, a Empreleite conta com 12 produtores associados, que processam cerca de 1.000 litros de leite por dia.

“Pode parecer pouco diante da escala industrial, mas a diferença está no impacto: esse leite não é apenas comercializado, é transformado em um produto de identidade potiguar”, ressalta o presidente da associação.

Rio Grande do Norte possui cerca de 60 queijeiras legalizadas

O maior desafio para o setor, segundo Marinho, é a legalização das queijeiras, que envolve desde o investimento em estrutura até a burocracia para o registro dos produtos.

Ele destaca que o Rio Grande do Norte possui cerca de 60 queijeiras legalizadas, um número que evidencia o potencial de expansão, especialmente quando comparado a municípios como São Roque de Minas (MG), que, com apenas 7.500 habitantes, tem 44 queijeiras legalizadas.

Além do impacto econômico, a produção de queijos artesanais também possui um forte peso cultural e turístico. “Quando uma queijeira é legalizada, ela valoriza a mão de obra local, fortalece a sucessão familiar no campo e cria novas oportunidades, inclusive no turismo gastronômico. É um movimento em cadeia que vai muito além do produtor”, conclui Marinho de Sousa.

Segundo Marinho de Sousa, presidente da Empreleite, associação que reúne produtores de queijo artesanal, o setor possui um enorme potencial de crescimento.

A produção de queijos artesanais do Rio Grande do Norte terá um espaço de destaque na 63ª edição da Festa do Boi, que acontece de 10 a 18 de outubro, no Parque Aristófanes Fernandes, em Parnamirim. A Empreleite anunciou que terá um stand colaborativo com a participação de associados e convidados, que irão expor queijos premiados e outros produtos artesanais do estado, como café, geleias e biscoitos.

“Nosso papel é incentivar o produtor a identificar suas potencialidades. E a verdade é que vender leite em pequena escala, especialmente no semiárido, simplesmente não se sustenta. Então o queijo acaba sendo a saída mais viável para se manter na atividade”, destaca Marinho. Ele estima que, com um investimento de cerca de R$ 30 mil, já é possível montar uma queijeira artesanal legalizada.

A associação estabelece regras rigorosas para o enquadramento como queijo artesanal, mais rígidas que a própria legislação estadual. Os associados da Empreleite só podem produzir com até 500 litros de leite cru provenientes de rebanho próprio. “Exigimos que o leite seja do próprio rebanho porque só assim o produtor consegue ter controle total da qualidade e da sanidade do produto. Acreditamos que o artesanal de verdade precisa começar no próprio leite”, reforça o presidente.

A Empreleite oferece suporte técnico e gerencial aos produtores, acompanhando todo o processo de instalação de uma queijeira, desde a elaboração do projeto até o registro da unidade e dos produtos.

O incentivo à diversificação tem gerado resultados notáveis, com produtores desenvolvendo queijos únicos e premiados nacionalmente. Um exemplo é a produtora Micarla Fernandes, da Fazenda Lima, em São Pedro, que conquistou o título de Superouro no último Encontro Nordestino do Setor de Leite e Derivados (ENEL) com um queijo maturado no café potiguar Jaçanã. “Apostar na maturação foi decisivo para o crescimento da Fazenda Lima, porque trouxe inovação e ampliou a procura pelos nossos produtos”, afirma Micarla.

Tags