José de Arimatéia do Nascimento de Melo, de 33 anos - Reprodução/Redes Sociais

Cotidiano

Sumiço Potiguar que foi lutar na guerra da Ucrânia está desaparecido há mais de 40 dias

José de Arimatéia do Nascimento de Melo, de 33 anos, foi para a Rússia acreditando que trabalharia com drones, mas foi direcionado para a linha de frente

por: NOVO Notícias

Publicado 19 de setembro de 2025 às 13:20

A família do potiguar José de Arimatéia do Nascimento de Melo, de 33 anos, conhecido como Maicon, busca por informações do seu paradeiro. Ele está desaparecido desde o último dia 4 de agosto, após ter sido enviado para a linha de frente da guerra entre Rússia e Ucrânia. Natural de Natal e morador de Bento Fernandes, ele se mudou para a Rússia em março, com a promessa de trabalhar com drones e tecnologia.

A denúncia foi feita por sua irmã, Maria Vanessa, que relatou nas redes sociais a situação e pediu ajuda às autoridades brasileiras para localizar o irmão. Segundo ela, Maicon foi atraído por uma proposta de salário elevado para atuar na Rússia, mas, ao chegar, foi direcionado para o combate.

O contrato assinado por Maicon com o governo russo tem duração de um ano e o designa para a função de atirador e ajudante de granadeiro em uma unidade de infantaria motorizada. O documento previa uma patente inicial de soldado, um salário mensal entre R$ 9,2 mil e R$ 11,6 mil, e um bônus de assinatura de aproximadamente R$ 23,2 mil. O pacote incluía ainda assistência médica e moradia.

Apesar das promessas, o recrutamento de estrangeiros para conflitos tem se mostrado uma prática perigosa. O Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, já alertou sobre o aumento no número de brasileiros mortos ou em situação de grave dificuldade após se alistarem voluntariamente em forças armadas estrangeiras.

O último sinal de vida de Maicon foi uma declaração em russo, assinada por ele, comprovando que havia prestado juramento militar em junho. Um conhecido chegou a informar à família que ele teria sido capturado por tropas ucranianas, mas a informação não foi confirmada oficialmente.

O Ministério das Relações Exteriores informou que não divulga informações sobre cidadãos que requisitam serviços consulares, em respeito ao direito à privacidade e à Lei de Acesso à Informação. A pasta também não detalha a assistência prestada a brasileiros no exterior. O ministério reforçou que desaconselha fortemente o alistamento voluntário de brasileiros em forças armadas estrangeiras.

Recrutamento de brasileiros para guerra na Ucrânia segue aberto nas redes sociais

Mesmo com um registro oficial de nove brasileiros mortos e 17 desaparecidos, o recrutamento de voluntários para a guerra entre Ucrânia e Rússia continua a acontecer abertamente por meio das redes sociais. Anúncios que prometem apoio logístico e experiências militares seguem circulando e atraindo interessados em se alistar no conflito.

Diante desse cenário, o Ministério das Relações Exteriores publicou um alerta em seu site, informando sobre o aumento no número de brasileiros mortos ou em situação de grave dificuldade após se alistarem voluntariamente em exércitos estrangeiros.

A pasta recomenda expressamente que propostas de trabalho com fins militares sejam recusadas. O Itamaraty também alertou que, nesses casos, a assistência consular pode ser bastante limitada, devido aos termos dos contratos firmados entre os voluntários e os exércitos de outros países.

O esquema de recrutamento opera de forma informal. Perfis em redes sociais, muitas vezes disfarçados de “turismo de guerra”, exibem fotos de brasileiros com trajes militares em zonas de combate. Essas contas direcionam os interessados para grupos em aplicativos de mensagens, onde homens trocam dicas e experiências sobre como viajar para a Ucrânia.

Esses grupos e perfis não se apresentam como canais oficiais e não apontam qualquer vínculo com o governo ucraniano. As divulgações, que não configuram um ato irregular ou criminoso, se apresentam como meios para facilitar a realização das viagens.

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