MPC apontou que as propostas das Organizações Sociais são genéricas e que a ausência de memória de cálculo pode gerar custos ocultos e aditivos onerosos. Foto: Prefeitura de Natal
O MPC pediu medida cautelar ao Tribunal de Contas para suspender os certames até que estudos técnicos específicos sejam apresentados e os Conselhos de Saúde participem efetivamente das decisões
Publicado 1 de setembro de 2025 às 09:41
O Ministério Público de Contas do Rio Grande do Norte (MPC/RN) recomendou a suspensão dos chamamentos públicos que previam a terceirização da gestão das quatro Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Natal — Potengi, Pajuçara, Cidade da Esperança e Satélite.
A decisão consta de parecer apresentado no Processo nº 2551/2025, após escuta inédita da comunidade de saúde e vistorias presenciais. Segundo o documento, não há estudos técnicos consistentes que comprovem a vantagem da terceirização.
O MPC apontou que as propostas apresentadas pelas Organizações Sociais são genéricas, sem conexão com os problemas reais das unidades, e que a ausência de memória de cálculo pode gerar custos ocultos e aditivos onerosos.
As respostas abertas do questionário aplicado nas UPAs revelaram situações graves: partos improvisados em banheiros, recém-nascidos ventilados manualmente por horas na falta de equipamentos, idosos em poltronas quebradas por semanas e mortes atribuídas à ausência de insumos e falhas em respiradores.
“Perdi meu pai esperando uma transferência que nunca chegou”, relatou um usuário ouvido na consulta.
“Meu filho ficou quatro horas sendo ventilado com o ambu, porque o respirador estava quebrado”, disse outra mãe.
O MPC afirmou no parecer: “Esta Procuradora chorou diante do sofrimento narrado, do heroísmo dos profissionais e da dor dos usuários. A escuta trouxe mais do que dados — trouxe lamentos e gritos silenciosos que pediam o registro de que alguém ouviu e se fez presente.”
Conclusões sobre cada UPA:
Próximos passos
O MPC pediu medida cautelar ao Tribunal de Contas para suspender os certames até que estudos técnicos específicos sejam apresentados e os Conselhos de Saúde participem efetivamente das decisões. A manifestação ressalta que não cabe ao órgão escolher o modelo de gestão, mas zelar para que qualquer decisão seja legítima, transparente e fundada na verdade.
Veja abaixo a íntegra da recomendação:
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