A startup KENAI democratiza a edição de vídeos com seu chatbot, que produz conteúdo de qualidade para micro e pequenas empresas – Foto: Lenart Verissimo/Metrópole Parque/UFRN

Cotidiano

Tecnologia Uso de IA impulsiona startups potiguares

O Metrópole Parque reúne iniciativas que exemplificam essa tendência, utilizando serviços que vão desde assistentes virtuais a sistemas de análise preditiva

por: Carol Reis, do Metrópole Parque/UFRN

Publicado 21 de agosto de 2025 às 15:00

O Rio Grande do Norte lidera o uso de inteligência artificial (IA) no ambiente corporativo, consolidando-se como um polo de inovação tecnológica no país. É o que aponta a sétima edição do Relatório de Tendências da Great Place to Work (GPTW), com 73% das empresas potiguares já utilizando a tecnologia em atividades rotineiras, percentual acima da média nacional, que é de 50%.

A presença da IA no cotidiano das empresas do Estado reflete uma tendência que se consolida em diversos setores da economia. De assistentes virtuais a sistemas de análise preditiva, as soluções baseadas na tecnologia vêm sendo incorporadas por organizações de diferentes portes, seja para otimizar processos, reduzir custos ou ampliar a competitividade.

A incubadora de empresas do Parque Tecnológico Metrópole Digital (Metrópole Parque), vinculada à UFRN, reúne iniciativas que exemplificam bem essa tendência. Startups como Kenai, Capte.AI e Hais Tech demonstram como a IA pode ser aplicada em diferentes segmentos, do marketing digital à saúde, passando pela captação de recursos para inovação.

A Kenai, criada em 2023, aposta em um chatbot capaz de editar vídeos de forma rápida e de baixo custo, diretamente pelo WhatsApp. O objetivo é democratizar o acesso a soluções de marketing digital, permitindo que micro e pequenas empresas produzam conteúdo de qualidade sem a necessidade de uma equipe técnica especializada.

Tales Gomes, CEO da Kenai, explica que a adoção da inteligência artificial foi estratégica para acelerar o processo de edição de vídeos e otimizar a análise do material recebido, mas a empresa quer ir além. “Hoje, a IA nos auxilia muito na análise das fotos e vídeos recebidos. Os usuários percebem imediatamente que houve um cuidado no vídeo criado. Nosso próximo passo é avançar na personalização, incorporando avatares, pessoas geradas por IA, que falem diretamente sobre os produtos comercializados”, comenta.

Com mais de 15 anos de experiência e cerca de R$ 65 milhões captados, a Capte.AI resolveu apostar na inteligência artificial para automatizar a elaboração de projetos para captação de recursos. A plataforma transforma formulários complexos em perguntas simples, reduzindo em até 60% o tempo de preparo e aumentando a competitividade das propostas.

“A inteligência artificial nos proporcionou um aumento de produtividade gigantesca. Hoje, conseguimos oferecer a qualquer organização a chance de ter um projeto competitivo, com potencial de captar até R$ 300 mil, graças a uma IA treinada em centenas de editais, que garante precisão e aderência aos principais critérios de avaliação”, afirma Gileno Negreiros, CEO da Capte.AI.

A solução se destaca por sua interface intuitiva, disponível via WhatsApp e web, que entrega automaticamente documentos formatados e prontos para submissão, ampliando a escalabilidade e potencializando resultados.

Assistência à Saúde

Na área da saúde, a startup potiguar Hais Tech desenvolveu o Hais-UTI, solução para monitoramento remoto e inteligente de pacientes em estado crítico. Integrado a monitores multiparâmetro, o sistema capta e interpreta sinais vitais em tempo real, oferecendo suporte à tomada de decisão médica com alto grau de precisão. O grande diferencial está na aplicação de inteligência artificial capaz de interpretar dados estruturados e não estruturados, automatizar processos complexos e gerar insights clínicos instantâneos, garantindo eficiência e segurança no atendimento.

Com funcionalidades como classificação de risco de morte por IA, previsão de tempo de internação e um assistente médico virtual baseado em IA generativa, a plataforma apoia profissionais de saúde com sugestões de conduta, elaboração automática de resumos clínicos e respostas fundamentadas em literatura científica.

De acordo com Ramon Malaquias, CEO da Hais Tech, a solução está em fase de validação com parceiros estratégicos, como a Liga Contra o Câncer. “Queremos alcançar a revolução que a inovação tecnológica pode trazer para a saúde — uma transformação que vai além dos desafios técnicos. É preciso romper as barreiras ainda presentes no setor e garantir, cada vez mais, que a tecnologia seja uma importante aliada na prestação de serviços de saúde com a excelência que o setor exige”, destaca.

Tendência x estratégia de futuro

A inteligência artificial vive um momento de consolidação e já se afirma como uma força capaz de transformar mercados, gerar impacto econômico e impulsionar avanços sociais. Longe de ser algo passageiro, o movimento aponta para uma tendência duradoura. Para Rodrigo Romão, diretor do Metrópole Parque, essa transformação tende apenas a se fortalecer nos próximos anos.

“O mercado de tecnologia já enxerga a IA como estratégia de negócio, seja como núcleo do produto ou serviço, seja como ferramenta de produtividade. Investidores, como a WOW Aceleradora, já têm lotes exclusivos de investimento para startups que utilizam IA nessas frentes”, explica.

Ele destaca, ainda, a relevância de iniciativas de formação como o programa Metrópole IA 360, criado pelo Instituto Metrópole Digital (IMD/UFRN). “Foi uma proposta visionária, que pensou em uma esteira completa de capacitação, desde cursos de curtíssima duração para disseminação de ferramentas práticas de IA até um programa de pós-graduação focado em desenvolver pesquisadores envolvidos com o estado da arte acadêmico-científica, mas totalmente conectados às demandas práticas do mercado”, afirma.

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