Equipe do Banco do Nordeste na Fazenda Alegre, onde funciona a Queijeira JC - Foto: Marcos Bezerra

Cotidiano

Investimento Banco do Nordeste atua para ampliar produção de queijo artesanal no RN

Agentes do Programa de Desenvolvimento Territorial (Prodeter) visitaram queijeiras do Seridó e devem levar modelo a regiões com vocação para a bovinocultura de leite

por: NOVO Notícias

Publicado 15 de julho de 2025 às 20:00

No pé da Serra de São Bernardo, a Queijeira JC traz as iniciais de José Lopes e Cláudia. A sede do município, Caicó, está a 18 quilômetros de distância, mas o casal optou pelo sossego do Sítio Alegre para viver, criar os filhos e empreender. A unidade é certificada pelo Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do Rio Grande do Norte (Idiarn) e foi escolhida como ponto de partida da estratégia do Banco do Nordeste (BNB) para levar a produção artesanal de queijos a outras regiões do estado.

A ação do Programa de Desenvolvimento Territorial (Prodeter) teve a participação de vinte profissionais do banco, entre agentes de desenvolvimento, gerentes executivos, rurais e gerais das agências Caicó e Currais Novos, além do superintendente estadual Jeová Lins. A caravana do BNB foi ciceroneada por analistas do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RN), que atua fortemente na estruturação da cadeia produtiva.

A visitação às queijeiras seguiu os passos da Rota do Queijo, criada pelo próprio Sebrae há dois anos, contemplando produtores que observam as boas práticas de fabricação. Adequadas às leis de fabricação vigentes, nos níveis municipal, estadual e federal, essas queijeiras artesanais conseguem chegar às prateleiras dos melhores supermercados e, em comum, contam com financiamentos do Banco do Nordeste.
 
“Estamos aqui aprendendo, para levar o modelo de negócio a outras regiões do estado com tradição na criação de gado leiteiro. Apesar da vocação e do potencial nesses territórios, temos que reconhecer que o Seridó é diferenciado em agregar valor ao leite e nisso precisamos avançar. Avançar com o apoio, incentivo e estruturação das agroindústrias, em articulação com os comitês gestores territoriais do Prodeter, inclusive com o crédito orientado e integrado”, explica o gerente executivo de Desenvolvimento Territorial, Agnelo Peixoto.

O trabalho envolve também a conscientização sobre o risco da fabricação e comercialização de queijos adulterados, conforme alerta a analista do Sebrae-RN, Kessianny Souza. “O queijo puro só tem três ingredientes: leite, sal e coalho. O queijo de manteiga é o único no mundo que tem um quarto ingrediente, que é a manteiga da terra, uma receita centenária que surgiu aqui no Seridó. Produtos que recebem batata, óleo de soja, farinha, margarina, não podem ser chamados de queijo, além do que podem fazer muito mal à saúde. Há o risco para quem tem restrição alimentar. Essa pessoa não vai nem saber o que está consumindo.”
 

Roteiro

A equipe do Banco do Nordeste passou ainda pela primeira queijeira certificada de Caicó, a Dona Gertrudes, instalada numa das vilas do Distrito Irrigado Sabugi. A marca, que coleciona prêmios nacionais e internacionais surgiu da necessidade de sobrevivência familiar e, hoje, diversificou a produção. Além de queijos de vários tipos, fabrica doces, biscoitos e até pão de queijo com um toque regional.

A visitação seguiu para a queijeira Antônio Cipriano, no sítio Cachos, em São João do Sabugi, e, retornando a Caicó, na comunidade Barra da Espingarda, à queijeira Manaim, conhecida por seus produtos diferenciados como burrata, queijos maturados (Mulato Velho e Cuité) e muçarela em tranças. A jornada continuou na sexta-feira, na cidade de Cruzeta. Lá, a produção artesanal da Sertão Lac, de Cruzeta, a mais nova na Rota do Queijo, reforça a importância da produção com responsabilidade e autenticidade regional.

Por fim, a caravana do Banco do Nordeste visitou o Centro de Tecnologia do Queijo (CTQueijo), no Campus Currais Novos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRN). O curso é referência na formação de profissionais para o setor, com papel importante na modernização e na melhoria das práticas de produção de queijos.

“As visitas permitiram uma troca rica de conhecimentos e experiências, fortalecendo a relação entre o Banco do Nordeste e os produtores locais. Ir a campo é fundamental para entendermos as demandas e oferecermos soluções adequadas. É inspirador ver como os produtores estão se adaptando e crescendo, mesmo diante dos desafios. E a parceria com instituições como o IFRN é essencial para a inovação e a capacitação de novos mestres queijeiros que vão manter essa tradição “, finaliza o superintendente Jeová Lins.

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